Localizada em Santo Antônio do Pinhal, a Casa das Araucárias nasce de um encontro sensível entre arquitetura e paisagem. O partido arquitetônico surgiu já na primeira visita ao terreno, onde a vegetação predominante — araucárias e pinheiros — parecia disposta de forma aleatória, mas com uma harmonia natural e instintiva. A presença constante de pássaros, esquilos e outros animais silvestres reforçava a ideia de um território vivo, puro e intocado.

Essa experiência deu origem ao conceito central do projeto: uma residência que repousa sobre o terreno como se fizesse parte dele. A área social foi posicionada no pavimento superior, suspensa por uma laje de forma orgânica que remete à calda de um animal selvagem em repouso, deslizando suavemente sobre a paisagem. A sustentação é feita por pilares de concreto apicoados cuidadosamente posicionados — não em rigidez cartesiana, mas com a mesma lógica livre e poética que rege a distribuição das árvores ao redor da casa.

No pavimento inferior, abrigam-se as suítes e um generoso home theater integrado a uma adega climatizada, projetada com pedra, madeira e vidro, criando um ambiente de aconchego e contemplação. Cada elemento da arquitetura dialoga com o entorno, respeitando o relevo, a vegetação e a identidade local.

A escolha dos materiais reforça essa intenção: pedras naturais da região, pintura mineral e elementos rústicos que contrastam com a linguagem limpa e moderna da decoração. O resultado é uma casa que celebra o equilíbrio entre força e delicadeza, entre rusticidade e sofisticação — um gesto arquitetônico que presta homenagem à natureza, à contemplação e ao respeito por uma forma de viver mais sensível e sustentável.

A Casa das Araucárias é um convite ao silêncio, à pausa e à conexão profunda com o que é essencial.