Implantada em um bairro arborizado de São Paulo, a Casa FR surge como um refúgio urbano que harmoniza arquitetura, paisagem e experiências sensoriais. O projeto é estruturado a partir da sobreposição de três volumes prismáticos que se intercalam com aberturas estratégicas, permitindo fluidez e transparência entre os espaços internos e externos. A materialidade da casa desempenha um papel essencial na criação de uma atmosfera única, com superfícies minerais, elementos naturais e estruturas translúcidas que interagem com a luz ao longo do dia, criando diferentes percepções do espaço. A fachada é composta por camadas de proteção que regulam a incidência solar, ao mesmo tempo em que garantem a ventilação cruzada, promovendo conforto térmico e uma forte conexão com o entorno.

Os ambientes sociais foram concebidos para dissolver as barreiras entre o interior e o exterior. No térreo, amplos caixilhos de vidro e brises móveis de madeira permitem a total abertura da residência para o jardim tropical, fazendo com que a vegetação se torne uma extensão natural dos espaços de convivência. Quando os painéis de madeira são recolhidos, a relação com a paisagem se intensifica, reforçando a sensação de estar em um refúgio imerso na natureza. A materialidade interna, com texturas naturais que dialogam com a luz, acrescenta aconchego aos ambientes, enquanto o mobiliário combina peças icônicas do design moderno e contemporâneo, criando um cenário sofisticado e atemporal.

No centro da residência, a escada escultural conecta os pavimentos de maneira fluida e dinâmica. Seu desenho sinuoso, com filetes de pedra realçados pela luz natural, cria uma composição de texturas e sombras que se transforma ao longo do dia. A claraboia superior potencializa a experiência sensorial, filtrando a luz e ampliando a percepção do espaço.

O subsolo, por sua vez, abriga a discoteca, um ambiente imersivo onde visores de vidro estabelecem um diálogo surpreendente com a piscina externa. A água em movimento e os reflexos luminosos se integram ao espaço, enquanto os elementos semicirculares criam um jogo gráfico dinâmico entre luz e sombra. Próximo à adega, um lounge para encontros informais é complementado por uma obra do artista Bruno Weilemann Belo, inspirada nas xilogravuras japonesas Ukiyo-e, criando uma fusão de arte e arquitetura.

No topo da casa, o rooftop oferece uma área de lazer privativa com vista para a copa das árvores. A estrutura em madeira reforça a sensação de acolhimento e resguardo, tornando o espaço um refúgio elevado dentro da cidade, proporcionando momentos de contemplação e uma conexão profunda com a paisagem.

A Casa FR é um exemplo perfeito da interseção entre arquitetura, natureza e experiência. Ao explorar contrastes sutis entre transparência e opacidade, peso e leveza, solidez e fluidez, a residência se revela em camadas, sempre aberta a novas percepções e transformações ao longo do tempo.

arquiteto responsável
Andre Pavan

equipe de projeto
Andre Pavan / Romulo Machado

engenharia
Fairbanks

paisagismo
Rodrigo Oliveira

fotos
Fran Parente