Em meio à exuberância natural do bairro de Siriúba, na Ilha Bela, nasce a Casa Siriúba — uma residência que reverencia o passado caiçara e se molda às singularidades de um terreno raro: com mais de 8 mil metros quadrados, área de preservação permanente, uma nascente de água cristalina e uma vista deslumbrante de 180 graus para o canal de São Sebastião.

O protagonismo do projeto reside na escolha cuidadosa dos materiais. Inspirados pelas antigas casas de pescadores locais, foram utilizados elementos rústicos como a tinta mineral de adobe, a pedra rolada e o tijolo artesanal — materiais que, além de evocarem a memória vernacular da região, contribuem para uma integração sensorial com a paisagem nativa. Esses recursos construtivos, no entanto, se entrelaçam com uma linguagem arquitetônica contemporânea, criando uma fusão delicada entre tradição e inovação.

A implantação da casa respeita o relevo natural e a vegetação do entorno. A construção se acomoda entre as árvores, permeando o terreno com leveza e preservando a fluidez visual e física da mata. A integração dos ambientes — internos e externos — foi um dos pilares do projeto, promovendo uma relação direta com a natureza, sem abrir mão do conforto e da proteção.

A fachada principal da residência foi desenhada estrategicamente para proteger os moradores dos fortes ventos sul, comuns na região, ao mesmo tempo em que molda espaços abertos e generosos voltados para a vista. Essa dualidade entre abrigo e abertura define o espírito do projeto: uma casa que acolhe, que respira a paisagem e que carrega, em cada detalhe, a alma da cultura caiçara reinterpretada com sensibilidade contemporânea.

A Casa Siriúba é, assim, um manifesto de respeito à terra, à memória e à natureza — uma arquitetura que se dissolve no tempo e no espaço, como parte viva da ilha.