deus ex machina
início 2019 | jardim paulista I sp
880m²

“Deus ex machina”, expressão em latim que significa “deus da máquina”, é um termo originado no teatro grego, utilizado para descrever a aparição inesperada de uma entidade superior que surge — muitas vezes por meio de um dispositivo mecânico — para resolver um impasse narrativo. Com o tempo, passou a simbolizar a intervenção súbita de uma força transformadora. Foi com essa ideia em mente — de trazer um elemento surpreendente, disruptivo e simbólico — que nasceu o projeto arquitetônico da Deus Ex Machina São Paulo, assinado pelo escritório Meireles Pavan Arquitetura.

Inserido em uma residência modernista pré-existente, situada em meio a um exuberante paisagismo no coração de um bairro nobre da capital paulista, o projeto partiu da premissa de preservar a alma da construção original dos anos 60 e 70, reinterpretando seus elementos à luz do DNA da marca: uma fusão cosmopolita entre surf, motociclismo, cultura urbana e liberdade criativa.

A reforma foi concebida como uma reinterpretação contemporânea da arquitetura modernista brasileira, promovendo a integração entre espaço, uso e natureza. A paleta de materiais foi cuidadosamente selecionada para traduzir a identidade da marca sob uma ótica local: madeira natural, cimento queimado verde, granilite em tonalidade esmeralda e o taco de madeira original da casa foram resgatados e ressignificados. O taco de madeira, em especial, foi utilizado não apenas nos pisos, mas como revestimento inovador de bares, bancadas de lavabos e detalhes arquitetônicos — numa homenagem silenciosa aos interiores paulistanos das décadas de 60 e 70.

As áreas de descanso e os bancos orgânicos do restaurante seguem o mesmo gesto estético. Suas formas sinuosas, inspiradas nas curvas da vegetação nativa e na topografia do Brasil, criam uma experiência fluida e acolhedora, promovendo um diálogo direto entre o design e a paisagem ao redor.

O programa arquitetônico da unidade contempla uma loja de roupas, um restaurante com espaços internos e externos integrados ao jardim, além de uma área de eventos localizada na cobertura da residência, de onde se tem uma vista panorâmica da copa das árvores e da cidade. A circulação entre os ambientes acontece de forma natural, sem barreiras visuais, permitindo que os visitantes explorem os diferentes universos da marca com liberdade e curiosidade.

A Deus Ex Machina São Paulo é, acima de tudo, uma experiência arquitetônica imersiva. Um projeto que celebra o encontro entre cultura, natureza, estilo de vida e arquitetura — onde cada elemento, material e curva foram pensados para contar uma história que é, ao mesmo tempo, global e profundamente brasileira.

arquiteto responsável
André Pavan

equipe de projeto
André Pavan / Mirian Chiang

engenharia

HABIT construtora

fotos
Fran Parente